A Nike deu um passo marcante em seu retorno ao ciclismo profissional ao intensificar parcerias com equipes do pelotão WorldTour — movimento que tem em Wout van Aert uma das faces mais visíveis dessa reentrada. O anúncio, realizado por meio de acordos com o Team Visma | Lease a Bike e pelo lançamento de uma linha de produtos associada ao atleta belga, marca o retorno da gigante americana a um esporte do qual esteve ausente em escala global por mais de uma década.
Por que a Nike voltou ao ciclismo agora?
Vários fatores explicam a volta da Nike ao universo do ciclismo:
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Ciclo virtuoso de mercado e visibilidade global — O ciclismo vive uma fase de crescimento de audiência, com grande exposição em eventos como Tour de France e Paris-Nice, e maior consumo de merchandising ligado a atletas-estrela. Para marcas esportivas, isso representa alcance de públicos segmentados e apaixonados, além de vendas diretas em canais DTC (direct-to-consumer).
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Potencial de branding com atletas polivalentes — Wout van Aert é um dos poucos ciclistas contemporâneos com apelo cross-disciplinar: brilha tanto em clássicas de um dia quanto em etapas de Grand Tours, e tem presença forte em mídias sociais. Associar produtos a um atleta com essa projeção cria oportunidade para linhas lifestyle e performance que geram receita e reforçam imagem.
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Modelo híbrido de patrocínio — Em vez de contratos tradicionais massivos, a estratégia observada privilegia parcerias com equipes, merchandising co-brand e colaborações específicas com atletas. Isso reduz riscos reputacionais e oferece maior flexibilidade comercial — especialmente após as lições da década passada.
O que está sendo feito na prática
A atuação da Nike no ciclismo, conforme apurado em releases e reportagens especializadas, inclui:
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Acordo ampliado com o Team Visma | Lease a Bike: mais visibilidade da marca em material de equipe, coleções oficiais e ações promocionais durante grandes provas do calendário WorldTour.
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Linha de produtos ligada a Wout van Aert: peças com identidade visual do atleta (iniciais e elementos gráficos), vendidas como peça central da estratégia de merchandising, com foco em público europeu e mercados digitais.
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Ativações em eventos: presença em etapas-chave e ações de marketing que aproveitam a performance do time e do atleta para impulsionar lançamentos.
Esse formato reflete uma abordagem moderna, onde o valor da parceria se mede tanto em exposição de marca (logotipo em roupas e materiais) quanto em storytelling e vendas diretas.
O papel de Wout van Aert: rosto da campanha, não necessariamente contrato exclusivo
Wout van Aert aparece como protagonista dessa movimentação por sua combinação rara de resultados esportivos, apelo midiático e imagem de atleta “total”. Ele tem sido apresentado publicamente em campanhas e coleções que carregam seu nome ou identidade visual, funcionando como um embaixador natural da incursão da Nike no ciclismo.
Importante notar: a relação exibida nos anúncios e merchandising não precisa representar um contrato de patrocínio pessoal exclusivo nos moldes tradicionais (com pagamento fixo anual e royalties). Na prática atual do mercado, é comum ver formatos híbridos — colaborações por coleção, licenciamento de imagem para produtos específicos e parcerias por temporada — que minimizam risco para a marca enquanto exploram o apelo do atleta.
Análise da indústria: riscos e oportunidades
Oportunidades
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Monetização direta: produtos assinados por atletas têm alta margem e atraem fãs, aumentando receita fora do espaço das licenças de equipe.
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Reforço de posicionamento urbano/lifestyle: para a Nike, que compete em várias frentes, o ciclismo traz conexão com mobilidade, sustentabilidade e cultura urbana.
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Test-bed para inovação: roupas, tecidos e design para ciclismo podem alimentar outras linhas da marca.
Riscos
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Reputação e conformidade: o legado de polêmicas no passado exige gestão cuidadosa de compliance e transparência.
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Dependência de desempenho: colaborações muito ligadas à imagem de um atleta ficam vulneráveis a oscilações de forma ou comportamento.
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Canibalização com fornecedores existentes: acordos com uma equipe WorldTour podem conflitar com outros parceiros locais ou regionais, exigindo contratos bem desenhados.
O que essa movimentação significa para o pelotão
A volta da Nike sinaliza maior interesse das grandes marcas em investir no ciclismo além do equipamento técnico — num momento em que o esporte prova ser um vetor relevante de conteúdo e consumo. Para equipes, significa mais competição por fornecedores e oportunidades comerciais; para atletas, ampliação de opções de parcerias de imagem. Em suma, trata-se de um reforço estrutural no ecossistema do ciclismo profissional.
A Nike retorna ao ciclismo com uma estratégia contemporânea — centrada em parcerias com equipes, merchandising e colaborações com atletas de alto impacto, como Wout van Aert. O movimento combina segurança comercial com potencial de fortalecimento de marca e promete redesenhar parte do mercado de vestuário e licenciamento ligado ao ciclismo nos próximos anos.
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Fonte: Velo / Outside Online / Giro do Ciclismo / Team Visma | Lease a Bike (site oficial)


