Com o período de inscrições encerrado e a confirmação oficial dos times cada vez mais próxima, o paddock do mountain bike vive um dos momentos mais tensos da temporada. Equipes do mundo todo aguardam para saber quem conquistará o status de WHOOP UCI Mountain Bike World Series Team em 2026, condição que garante presença automática em todas as etapas da Copa do Mundo e que, desde sua implementação em 2025, transformou profundamente o cenário competitivo do MTB mundial.


Um sistema que mudou o MTB a partir de 2025

O atual modelo de acesso à Copa do Mundo de Mountain Bike foi introduzido no início da temporada 2025 com dois objetivos claros: aumentar o nível competitivo de cada etapa e criar um caminho de desenvolvimento mais estruturado para equipes e atletas.

Desde então, 40 equipes no total passaram a ter vaga garantida em todas as provas do calendário:

  • 20 equipes da modalidade Endurance (XC)

  • 20 equipes da modalidade Gravity (Downhill e afins)

Para concorrer a essas vagas, os times precisam estar devidamente registrados na UCI, seja como UCI Mountain Bike Team ou como WHOOP UCI Mountain Bike World Series Team, denominação que substituiu os antigos times “Elite UCI”.


Ranking UCI: como se define o Top 15 de cada modalidade

Assim como ocorreu em 2025, 15 das 20 vagas por modalidade são atribuídas diretamente com base no ranking UCI por equipes. As cinco vagas restantes ficam reservadas para wildcards anuais.

O cálculo dos pontos UCI leva em consideração:

  • Os quatro atletas melhor classificados de cada equipe

  • Sem distinção de categoria (Elite, Sub-23 ou Júnior)

  • Sem distinção de gênero

  • Apenas resultados em finais contam

  • Pontos obtidos em todas as provas do calendário UCI, e não apenas na Copa do Mundo

Para a temporada 2026, o corte definitivo do ranking foi estabelecido em 28 de outubro de 2025.

Vale destacar que estar entre os 15 primeiros não garante automaticamente a vaga. As equipes precisam aceitar formalmente a licença e concluir todo o processo administrativo exigido pela UCI.


Principais mudanças para 2026: mais estabilidade e menos distorções

O regulamento para 2026 traz duas mudanças estruturais importantes, pensadas para dar mais equilíbrio esportivo ao sistema:

🔹 Pontos não acompanham mais os atletas

A partir de 2026, os pontos UCI permanecem com a equipe, mesmo que um atleta mude de time. A medida evita que contratações de inverno distorçam artificialmente o ranking e favorece projetos esportivos de médio e longo prazo.

🔹 Licenças com duração variável

  • Equipes do 1º ao 10º lugar no ranking recebem licença de dois anos

  • Equipes do 11º ao 15º lugar recebem licença de um ano

Em 2025, todas as equipes do Top 15 tinham apenas licenças anuais. A mudança traz mais segurança para as estruturas mais consolidadas do circuito.

Com isso, cerca de 75% das equipes da WHOOP UCI MTB World Series já são definidas diretamente pelo ranking, restando apenas 10 vagas totais para wildcards anuais.


Wildcards: as vagas mais disputadas do MTB mundial

As wildcards anuais seguem como um dos pontos mais competitivos do sistema. São cinco convites por modalidade, atribuídos após avaliação conjunta da UCI e da Warner Bros. Discovery Sports, promotora da série.

A escolha se baseia em uma matriz de critérios que inclui:

  • Ranking UCI da equipe

  • Participação e desempenho nas Continental Series

  • Perfil esportivo dos atletas

  • Valor estratégico e projeção dos patrocinadores

  • Impacto midiático e visibilidade global

Em 2025, esse modelo permitiu a entrada de equipes de peso que ficaram fora do Top 15, como a Alpecin-Deceuninck, além da estreia de projetos como a AON Racing–Tourne Campervan no downhill.

Para 2026, 19 equipes aguardam definição, entre elas nomes fortes como:

  • Alpecin-Deceuninck

  • AON Racing–Tourne Campervan

  • Continental Atherton

  • Pivot Factory Racing (Gravity)

  • Liv Factory Racing

  • Mondraker Factory Racing (Endurance)


Wildcards por etapa: oportunidades reais de destaque

Além das licenças anuais, cada etapa da Copa do Mundo pode conceder até oito wildcards adicionais por modalidade, destinadas a equipes registradas como UCI Mountain Bike Team.

Nesse caso, além dos critérios esportivos, são considerados:

  • Nacionalidade da equipe

  • Resultados recentes

  • Interesse local da prova

Essas vagas estão longe de ser apenas figurativas. Um dos exemplos mais emblemáticos foi o de Thibault Daprela, da Rogue Racing, que em 2025 conquistou um pódio em Val di Sole e terminou a temporada em 16º lugar no ranking geral do downhill, mesmo competindo como wildcard.


Fontes:  UCI / WHOOP UCI Mountain Bike World Series /  Warner Bros. Discovery Sports / Mídias especializada em Mountain Bike