Com uma cerimônia marcada pela emoção e pela celebração da inovação, o Hall da Fama do Mountain Bike, sediado no Museu Marin do Ciclismo (em Fairfax, Califórnia, EUA), anunciou sua turma de 2025.
    Cinco nomes que moldaram o esporte — Jill Kintner, Cam Zink, Joey Klein, Paul Turner e Steve Simons — foram eternizados por suas contribuições únicas, reafirmando as raízes do mountain bike na coragem, criatividade e visão transformadora.
    Desde 1988, o Hall da Fama do Mountain Bike reconhece atletas, construtores e inventores que ajudaram o esporte a evoluir do improviso em trilhas de terra da Califórnia para um fenômeno global, olímpico e multimilionário.

Jill Kintner: a força multidisciplinar e criativa

    Com uma carreira que atravessa modalidades e gerações, Jill Kintner é uma das ciclistas mais completas e influentes da história.
    A americana soma 25 títulos nacionais de elite, cinco coroas de Rainha do Crankworx e mais de 40 medalhas de ouro em eventos internacionais. Competiu com destaque no BMX, 4X, downhill e enduro — além de representar os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, onde conquistou o bronze no BMX.
    Mas Kintner vai além do desempenho atlético. Por meio de suas clínicas “Race Craft”, ela inspira jovens atletas, especialmente mulheres, a competirem com técnica e confiança. Fora das pistas, canaliza sua criatividade na arte: pinta capacetes personalizados, desenha ilustrações e produziu o curta “Bandit Hill”, que mistura animação feita à mão com cenas reais de pedaladas.
    Aos 43 anos, Jill segue como um símbolo de equilíbrio entre performance e expressão artística, influenciando tanto a cultura quanto o futuro do mountain bike.

Cam Zink: o visionário do freeride

    Poucos nomes representam o espírito radical e destemido do mountain bike como Cam Zink. Natural de Reno, Nevada, Zink começou no downhill competitivo, mas foi no freeride que se consagrou.
    Ele venceu duas edições do Red Bull Rampage, dois títulos do Crankworx Slopestyle e conquistou o troféu geral do Freeride World Tour.
    Em 2014, entrou para o Guinness World Records com o maior backflip já realizado em terreno natural, um salto de mais de 25 metros de comprimento — um feito que redefiniu os limites físicos e mentais do esporte.
    Mais do que atleta, Zink é empreendedor. Fundou a Sensus, marca de componentes e acessórios de mountain bike, e a ONG RAD Trails, dedicada à construção de trilhas sustentáveis e parques de freeride para novas gerações.
    Recentemente, lançou sua própria marca de bicicletas, a Zink Bikes, voltada a modelos de alto desempenho e geometria progressiva.
    Aos 39 anos, Cam Zink permanece como sinônimo de inovação, coragem e autenticidade — um verdadeiro arquiteto da cultura freeride.

Joey Klein: o construtor de caminhos

    Enquanto muitos nomes da lista são lembrados pelas vitórias e acrobacias, Joey Klein é celebrado por algo essencial: as trilhas em si.
    Nascido em Toronto e criado em Golden, Colorado, Klein dedicou mais de 25 anos à International Mountain Bicycling Association (IMBA), sendo um dos principais responsáveis pela expansão e profissionalização das redes de trilhas em todo o mundo.
    Seus projetos se estendem por 45 estados dos EUA e 14 países, e ele é amplamente reconhecido por sua capacidade de unir ciclistas, gestores ambientais e comunidades locais em torno do desenvolvimento sustentável do esporte.
    Suas trilhas equilibram fluidez, segurança e desafio técnico, oferecendo experiências acessíveis a iniciantes, mas emocionantes para veteranos.
    Hoje, aos 60 anos, Klein é mais do que um construtor — é um educador e embaixador do MTB sustentável, cuja influência se mede em cada curva bem-feita e em cada sorriso de quem pedala nelas.

Paul Turner e Steve Simons: os engenheiros que reinventaram o mountain bike

O que seria do mountain bike moderno sem suspensão?

    Em 1988, Paul Turner, ex-engenheiro da Honda e apaixonado por ciclismo, uniu forças com Steve Simons, piloto e inventor da área de motocross, para fundar a RockShox.
    Dessa parceria nasceu a RS-1, a primeira suspensão dianteira funcional para mountain bike, apresentada oficialmente no Campeonato Mundial de 1990 em Durango (EUA). A inovação transformou instantaneamente o esporte — melhorando o controle, a segurança e a velocidade em terrenos acidentados.
    A RockShox evoluiu e se tornou uma gigante do setor, lançando modelos lendários como SID, Boxxer e Pike, hoje referência em competições de elite.
    O impacto de Turner e Simons foi tão grande que seu trabalho definiu o padrão técnico do MTB moderno, influenciando até as suspensões atuais de gravel e e-bikes.

Mais que um esporte: um legado vivo

    A turma de 2025 do Hall da Fama do Mountain Bike de Marin mostra que o MTB vai muito além da competição. Ele é uma cultura em constante reinvenção, onde arte, engenharia, coragem e comunidade se cruzam.

Cada homenageado representa uma faceta essencial dessa evolução:

  • Kintner, a expressão criativa e a inclusão feminina.
  • Zink, a ousadia e o espírito livre do freeride.
  • Klein, o elo entre pessoas e trilhas.
  • Turner e Simons, a engenharia que impulsionou o progresso técnico.
    Juntos, eles simbolizam o que o mountain bike sempre foi — um ato de imaginação sobre duas rodas, um convite a explorar, inovar e deixar um rastro para os próximos aventureiros.
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Fonte: https://cyclingmagazine.ca/mtb/legend-makers-ride-into-history-at-marins-mountain-bike-hall-of-fame/