De não correr na estrada a dominar o Tour de France, o espetador esporádico de ciclismo deve ter ficado confuso e a perguntar quem é Pauline Ferrand-Prévot?
    A francesa natural de Reims tem 33 anos e nasceu para grandes feitos. Entre 2014 e 2015, aos 23 anos, tornou-se a primeira ciclista a ter três títulos de diferentes disciplinas – estrada, ciclocross e mountain bike. Entretanto somou ao palmarés o Mundial de gravel!
    Permitam-me acrescentar que já em juniores tinha juntado no mesmo ano Mundial de estrada e de mountain bike.
    Só que Pauline Ferrand-Prévot tinha um sonho: os Jogos Olímpicos. Não podia ter outro já que ao ter nascido em 1992 nunca chegou a ver a primeira versão do Tour de France, que decorreu entre 1984 e 1989.

Ano horroroso marcado por lesões e doenças

    Sem a referência da camisola amarela, foi o dourado da medalha olímpica que a guiou. Em Paris 2024 chegou ao título olímpico na quarta presença nos Jogos. O que muitos esqueceram foi o duro processo até esse momento.
    Em 2021, em Tóquio, furou e acabou 10.ª. Em 2016, no Rio de Janeiro, abandonou como consequência de um ano horroroso marcado por lesões e doenças. Após esses Jogos escreveu um texto intitulado “Abandonar é perder”, no qual detalhou todos os erros cometidos na preparação do evento.
    A estreia, em Londres 2012, foi ainda mais traumática: a seleção focou-se em Julie Besset e quando ambas caíram num treino Pauline, a segunda da hierarquia, teve que se desenrascar sozinha para voltar ao hotel. Acabou 25.ª nuns Jogos em que fez também a prova de estrada (10.ª).
Marion Rousse, diretora do Tour, e a campeã têm 33 anos e coincidiram no pelotão.
A.S.O./Thomas Maheux

Ferrand-Prévot tirou o pelotão da zona de conforto

    Não é qualquer atleta que 15 minutos após vencer o Tour de France recebe uma chamada do presidente da República, Emanuel Macron, em plena flash interview.
    Pauline Ferrand-Prévot é uma estrela do desporto francês e em nove dias de Tour de France elevou a fasquia na alta montanha. Quando assinou pela Visma estabeleceu um período de três anos para ganhar a prova; fê-lo no primeiro ano e sem referências prévias já que só terminou o UAE Tour (17.ª) esta temporada.
    Ganhou a Paris-Roubaix e depois dedicou-se a treinar. Treinou muito, perdeu peso, percorreu as estradas de Teide, Alpes e Andorra – onde comprou casa para viver e treinar no regresso à estrada.
    O relativo conforto com que Vollering geria as etapas com final em alto acabou. Ferrand-Prévot tirou o pelotão da zona de conforto e fundou uma rivalidade necessária para apimentar o panorama feminino.

Sabia que Ferrand-Prévot:

  • Só tinha ganho uma corrida por etapas antes do Tour de France, foi a Euskal Bira em 2014
  • É a primeira francesa a vestir a camisola amarela e a ganhar o Tour de France
  • É a segunda ciclista a fazer, no mesmo ano, a dobradinha Paris-Roubaix/Tour de France; o primeiro foi Bernard Hinault em 1981
  • É a primeira francesa a ganhar o Tour de France desde Jeannie Longo em 1989
  • Namora com Dylan van Baarle, colega na Visma e também campeão da Paris-Roubaix, em 2022
-