...Mazobikers



Tour de France: ''Estou acabado, morto''. A queda livre de Pogačar e o já anunciado BI consecutivo de Jonas Vingegaard no Tour

    A polêmica que antecedeu o início da Volta a França, com algumas equipes a recusarem-se a ceder as suas comunicações via-rádio para efeitos de transmissão televisiva, numa espécie de piscar de olho ao que a Fórmula 1 faz há anos, pareceu durante duas semanas e meia uma tontice, tal o inócuo das mensagens que, de tempos a tempos, iam sendo transmitidas durante as etapas.
    Até que chegou a 17.ª etapa, a etapa-rainha do Tour, montanha atrás de montanha. Porque aí, em algum lugar ainda no início da terrível subida ao Col do la Loze, a última dificuldade do dia, Tadej Pogačar lançou a toalha ao chão. “Estou acabado, morto”, lemos e ouvimos o vencedor de 2020 e 2021 a confessar para o seu carro, depois para todos nós, uma declaração lapidar, destruidora. Faltavam 14 quilômetros para o final da etapa, ao menos uns seis para o final da escalada, onde os ciclistas enfrentaram trechos que chegaram aos 20%. Tadej Pogacar ficava ali apeado, quebrado, afundado, olhando para cima, para Jonas Vingegaard, tranquilo e leve que nem uma folha no outono, a seguir montanha fora. E quando a UAE Emirates permitiu que Adam Yates continuasse na frente para tentar proteger o seu lugar no pódio, percebeu-se que Pogacar não iria recuperar e que o objetivo era, apenas, chegar, acabar a etapa.
    Depois do contarrelógio da véspera ter feito diferenças quase definitivas, deixando os dois adversários e candidatos a uma distância de 1m48s, o colapso do ciclista da UAE Emirates confirmou aquilo que apenas foi uma certeza horas antes: que o dinamarquês, vencedor em 2022, é o homem mais forte desta Volta a França, que poderá acabar com diferenças históricas entre os dois primeiros, depois de andarmos dias e dias a discutir por quantos segundos ela se iria resolver.
    Num etapa conquistada de forma heroica por Felix Gall, depois de uma jornada muito bem trabalhada pela AG2R Citroen La Mondiale, que permitiu ao austríaco estar muito bem colocado para atacar na subida final, Jonas Vingegaard foi 4.º, a 1m52s de Gall. Pogacar, com uma penosa subida, camisa aberta à banda, de quem já não tem pernas, alma, nada, só cruzaria a meta 5m45s depois do dinamarquês. O espanhol Marc Soler, seu fiel escudeiro na via sacra até à linha branca, confortou-o, mas nada vai afagar o espírito do esloveno quando cair em si que está agora a 7m35s de Vingegaard, quando há dois dias a diferença entre ambos era de 10 segundos. Impressionante, porque são diferenças que há muito não se viam no Tour.
    No final da etapa, Alberto Contador, agora como comentarista para a Eurosport, questionava o que se teria passado com Pogacar, se seria uma noite mal dormida, o espírito esmagado após a derrota da véspera, a pequena queda que sofreu no início da tirada. Ou simplesmente falta de pernas, numa dia duríssimo, que a Jumbo-Visma desde cedo controlou.
    Nos próximos dias, a Volta a França entra de novo em terrenos mais planos, para subir novamente no sábado. Mas a penúltima etapa já nada deverá contar para a camisa amarela, salvo algum azar de Jonas Vingegaard. Já Tadej Pogacar, que como sempre subiu ao pódio para vestir a camisa branca com um sorriso, apesar da óbvia dor, terá provavelmente de olhar é para baixo, para o seu colega Adam Yates, que já só está a pouco mais de três minutos.
-
Labels:

Postar um comentário

[blogger]

Mazobiker

{google#Mazobiker}

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Tecnologia do Blogger.
Javascript DisablePlease Enable Javascript To See All Widget