Ajudamos você a relembrar os pormenores da recuperação do vencedor de oito Grandes Voltas e, por isso mesmo, o melhor dos últimos dez anos.
Froome voltou a competir em 2020, ainda antes da parada do ciclismo pela pandemia de Covid-19, deixando claro ter de ganhar ritmo. Só em sua quinta prova do ano teve de enfrentar um contrarrelógio, especialidade em que foi duas vezes bronze em Mundiais e fazia diferença para dominar a Volta a França. No "crono" da Tirreno Adriático foi apenas 80.º e os alarmes soaram: não era só o titânio que pesava no corpo do britânico, mas toda a morfologia que estava longe do que já fora, pois a perna direita não produzia a mesma cadência. Isso era particularmente visível nos esforços individuais, mas também nas subidas, onde a sua passada constante, sem se levantar da bicicleta, não dava os frutos de outrora. Na Vuelta"2020, a da sua despedida da Ineos, nem no trabalho coletivo conseguiu ajudar quando apareciam as montanhas.
Testes isocinéticos mostraram que Froome perdera 20% da força no quadricípite direito, obrigando a nova cirurgia, para minimizar o atrito do músculo com o osso no fémur direito, procedimento a que se sujeitou depois do UAE Tour, em fevereiro. Por isso competiu apenas em agosto e foi preterido na equipe de Israel que foi ao Tour. "O meu mostrador de treino conseguiu fazer o balanço das pernas esquerda e direita. Ia para os treinos e via o esforço feito por cada uma. Foi a forma de saber quando estava a colocar treino em cima da perna lesionada. Tivemos um ano de desafio pela frente, a recuperar a simetria, e talvez tenha sido uma das melhores notícias deste ano. Estaria às escuras sem essa informação", declarou em julho, antes de voltar a competir.
Acidente chocou o mundo
Uma operação de seis horas salvou a vida de Chris Froome, a 12 de junho de 2019, depois de ter embatido num muro numa descida. O acidente, a 60 km/h, originou uma dupla fratura no fémur direito, mais costelas, externo e cotovelo fraturados e um colapso no pulmão que preocupou muito os médicos durante o transporte de helicóptero até ao hospital, em St. Étienne. Poucos acreditariam, na altura, que o quatro vezes vencedor do Tour voltaria à bicicleta.Malabaristas e dieta a pensar no penta
"Sei das minhas lesões e não espero milagres. Não vou começar a ganhar de um momento para o outro", declarou à "Wiggle" o quatro vezes vencedor do Tour, que continua a sonhar com o penta. "Tendo alcançado quatro, não posso deixar de dizer que vou dar tudo para tentar o quinto. Tenho os melhores dados, mas acha-se que um atleta de 30 anos já não é capaz. Basta olhar para a nutrição, tudo é possível", diz Chris Froome.O britânico fez, a partir de fevereiro, um trabalho de recuperação que superou os convencionais preparos de ciclista: Froome reaprendeu uma nova posição na bicicleta, testou formas de descer diferentes e voltou à pista, onde só treinara contrarrelógio, para afinar a potência, mas acima de tudo a técnica.
Conhecendo a fragilidade da perna direita, o ciclista de 36 anos pensou terminar a carreira, mas diz que agora está focado "em trabalhar todos os dias do resto do tempo como profissional para melhorar." Assim, reuniu-se com malabaristas, fez uma formação intensiva num centro de treinos nos EUA, tentando aprender a andar em cima de uma corda, como um artista de circo, e mostrou disponibilidade para perder ainda mais peso. Em 2007, chegou com 76 quilos ao Tour, em 2015 estava com 67, aumentando em 10% o poder na bicicleta. Apesar se de dizer "regrado" na alimentação e de já ter retirado o peso do titânio na perna direita, admite ir mais longe na busca do peso ideal para as montanhas. Mantendo a filosofia da Sky, que foi pioneira nos ganhos marginais, Froome tem sido acompanhado por cientistas ligados ao rendimento desportivo, de modo a encontrar mais soluções que lhe acalentem o sonho.
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