Via Ecológica Serra dos Tapes tem trajeto todo em estrada de chão |
Trajeto estritamente rural, "escolhido a dedo" pelos organizadores, a Via Ecológica Serra dos Tapes promete ser o novo atrativo da região serrana de parte da Zona Sul do Estado, a partir de 2018. Pelo menos esta é a expectativa de diversos empreendedores que estão apostando suas fichas no roteiro de 115 km, que passa por lugares bucólicos, propriedades agroecológicas e hotéis e restaurantes com iniciativas sustentáveis.
Com apoio e consultoria do Sebrae-RS, a primeira rota latino-americana de cicloturismo com "envolvimento ecológico do início ao fim" deve atrair de esportistas a ambientalistas, mas também visitantes interessados em contemplar a natureza do entorno. A previsão de lançamento é dia 1 de março (Dia do Turismo Ecológico).
O passeio completo pode ser feito de forma autoguiada, em um tempo mínimo de três dias, com saída da região da Cascata, em Pelotas, passando pelo município de Morro Redondo. No caminho, os turistas encontrarão pontos de visitação em propriedades com produção orgânica e agroecológica, e terão como alternativa a hospedagem em pousadas e hotéis onde a prática da sustentabilidade seja uma rotina. O circuito passa por pelo menos 10 empreendimentos, calcula o consultor do Sebrae-RS e coordenador do curso de Turismo e Hotelaria da Pucrs, Maurício Schaidhauer.
"O visitante receberá um mapa interativo da via, que atualmente está em fase de identidade visual, sinalização do percurso com 50 placas indicativas e georreferenciação para quem quiser fazer o percurso sozinho", explica Schaidhauer.
A gestora do projeto na regional Sul do Sebrae-RS, Jussara Cruz Argoud, entende que este pode ser um roteiro inovador e de alto potencial para as micro e pequenas empresas envolvidas. "Une turismo, esporte, educação, ecologia e negócios." Até o final do ano, o grupo de empresários que aderiu ao projeto já terá passado por uma série de palestras sobre, por exemplo, qual alimentação é indicada para oferecer ao público do segmento de cicloturismo, bem como dicas importantes para apoio aos visitantes, como manutenção das bicicletas. De acordo com o idealizador do projeto, o biólogo e empresário Leandro Karam, é possível percorrer 40 km por dia do trajeto, com tempo para contemplação e descanso.
"Algumas propriedades servem café ou almoço, e os turistas poderão acompanhar o trabalho realizado em cada uma delas, bem como ter aulas de ecologia e sustentabilidade na prática", comenta Karam, que é praticante de cicloturismo e mountain bike.
O trajeto é em estrada de chão, e toda a estrutura que será utilizada já existe.
"O que está sendo feito pelas prefeituras em parceria com a Ecosul são as placas de sinalização da RS-265 (que liga Pelotas a Canguçu), onde vai ter um marco zero com um pórtico da via ecológica no Trevo das Cascatas. Jussara destaca que o cicloturismo vem crescendo na região e em todo o Brasil.Isso não significa que o turista não possa optar por acampar no trajeto, pondera o proprietário do Hotel Fiss, Luiz Fernando Neumann, presidente dos Empreendedores de Turismo de Morro Redondo. Segundo Schaidhauer, o foco é atrair visitantes de outras regiões do Estado, e também do Paraná, de Santa Catarina e do Sudeste. "Em São Paulo há uma grande concentração de cicloturistas."
"As pessoas estão usando mais a bicicleta para passear e ter contato direto com a natureza, outras buscam aventura, e este roteiro é um bom exemplo, com suporte em alimentação e hospedagem."
Projeto é voltado a desenvolver empresas de pequeno porte
A Via Ecológica Serra dos Tapes é um dos resultados do projeto Costa Doce Natureza, que busca novos roteiros turísticos na região. No caso desta rota, o foco é beneficiar negócios de pequeno porte, como pousadas, bares, restaurantes e agroindústrias familiares, explica a gestora do projeto na regional Sul do Sebrae-RS, Jussara Cruz Argoud. "Estamos nos preparando bastante para receber de forma bem adequada as pessoas", comenta o proprietário do Hotel Fiss, Luiz Fernando Neumann. O empreendimento, com sete apartamentos, deve dobrar a capacidade no ano que vem. Atualmente, a taxa de ocupação gira em torno de 30%. "O hotel é centenário, mas recentemente foi todo reformado: tem ar-condicionado, televisão, internet e um delicioso café da manhã, além do aspecto histórico", enumera.
Somando 6,5 mil habitantes, Morro Redondo tem sobrevivido principalmente do turismo na região, desde que implementou o roteiro Morro de Amores (com destaque para cafés coloniais, vinícolas e museus), projeto que levou "uma nova luz à cidade", segundo Neumann.
"Tínhamos uma cooperativa, que fechou, e, com isso, gerou desemprego e desânimo, mas o turismo modificou o cenário, e, hoje, milhares de pessoas nos visitam mensalmente, trazendo renda."
Mercado de bicicleta cresce no mundo inteiro
Sem estatísticas no Brasil, quem atua na atividade diz que há expansão
Segundo pesquisa feita pela Federação Europeia de Ciclismo, o mercado de bicicleta, incluindo o cicloturismo, gera mais emprego na Europa do que os de siderurgia, minas e pedreiras. O relatório aponta que o segmento movimentou € 44 bilhões no continente apenas no ano de 2012 e, em 2014, empregou 524 mil pessoas - número maior que o de empregos produzidos pelo varejo, que aparece em segundo lugar, com 80 mil postos de trabalho. No Brasil, ainda não existem dados oficiais sobre a atividade, mas, segundo a diretora do Clube de Cicloturismo do Brasil, Eliana Garcia, a procura por essa modalidade tem aumentado.
Segundo o idealizador do projeto na zona Sul do Estado, Leandro Karam, a ideia é também oferecer serviços opcionais de guias, para quem quiser sair da rota autoguiada entre Pelotas e Morro Redondo. Mas, segundo ele, "hospedagem, alimentação, segurança, mecânica básica e atendimento especializado devem ser a base de atração".
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Fonte: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/10/economia/593384-cicloturistas-ganham-novo-roteiro-rural-no-sul-do-estado.html
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Fonte: http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/10/economia/593384-cicloturistas-ganham-novo-roteiro-rural-no-sul-do-estado.html
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