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. O circo do ciclismo mountain bike pode não ter o mesmo glamour da Fórmula-1, mas tem muitas semelhanças com a principal categoria do automobilismo mundial. Disputado na Noruega nesta sábado, o Campeonato do Mundo é a principal competição do ano, a cereja no bolo depois de uma longa temporada de etapas de Copa do Mundo, disputadas em vários países.
. A prova principal do Mundial é a de cross-country, a mesma disputada nos Jogos Olímpicos. O circuito é estreito e difícil de fazer ultrapassagem. Portanto, largar bem é essencial para obter um bom resultado. O grid é definido pelo ranking mundial. O Brasil está na competição na cidade norueguesa de Hafjell com sete atletas, com destaque para Henrique Avancini, 25º colocado na classificação entre os mais de 100 participantes. Sherman Trezza, Rubens Donizete, Ricardo Pscheidt, Raiza Goulão, Isabella Lacerda e Erika Gramiscelli completam o time.
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Pista das Olimpíadas de Londres era um pouco mais larga em alguns pontos |
. As principais competições do mundo reúnem mais de 100 atletas. A largada não é feita dentro do circuito de mata fechada, tradicional na modalidade, e sim em um campo aberto. Os atletas são divididos em filas de oito ciclistas cada, e eles pedalam por cerca de 400 metros antes de entrar na trilha.
. Nesse período, há um desgaste muito grande para os atletas que estão vindo atrás, tentando ganhar posições no início, onde é mais fácil ultrapassar. Quem larga na frente não sofre com acidentes, tem um começo de prova mais tranquilo e não precisa ficar dividindo curvas com até cinco concorrentes.
- No mountain bike você parte de 0 km/h e aplica sua força máxima. São 8 atletas por fila e, muitas vezes, em piso irregular. Ocorrem toques de rodas e corpo o tempo todo e, às vezes, acontecem quedas. Queda na largada é uma das piores sensações que você pode ter em uma prova - explicou Henrique Avancini, principal atleta do país na atualidade.
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A largada é sempre muito confusa, com atletas brigando palmo a palmo por posições |
. Assim como na Fórmula-1, o atleta de ciclismo mountain bike também depende de uma "máquina". Não tão tecnológica como um carro de automobilismo, a bicicleta também precisa passar por reparos. Por isso, existem os mecânicos que, na maioria das vezes, viajam com a equipe e salvam as bikes de todos os problemas.
. Um bom profissional precisa estar sempre em contato com o que há de mais moderno nos equipamentos e saber se virar rapidamente. Em uma prova, cada segundo perdido trocando alguma peça da bicicleta é uma posição perdida.
AS MARCHAS
. Se na Fórmula-1 o carro tem até sete marchas, no ciclismo as bicicletas costumam ter o triplo deste número. Elas são feitas para permitir que o ciclista consiga subir montanhas e andar mais rápido nas descidas. O câmbio é chamado de passador e, na maioria das vezes, fica ao lado da mão esquerda do atleta.
. Qual marcha usar em cada situação? Não existe uma resposta certa. É como um carro em que o motor é a perna do atleta. Quando ele sentir dificuldade de pedalar, muda a marcha para cima ou para baixo. Às vezes, não há marcha que resolva e os atletas descem da bicicleta e a levam no ombro.
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Atletas descem da bicicleta e levam ela no braço |

. Carlos Eduardo Polazzo, o Cadu, é o comandante da seleção brasileira. Com 34 anos de idade, é mais novo do que muitos ciclistas do pelotão, mas é um técnico com muita experiência.
. Formado em Educação Física e com inúmeros cursos no currículo, Cadu já esteve em duas Olimpíadas como treinador de Rubens Donizete, principal atleta brasileiro nos últimos anos. Apesar da idade, ele não se sente menos preparado:
- A gente tem que ter conhecimento, embasamento científico. Eu não me sinto menos preparado do que outro treinador - disse Cadu.A INFLUÊNCIA DA TV
. como em muitos esportes, o ciclismo mountain bike também está se adaptando às transmissões de TV. Aqui no Brasil, a modalidade é pouco divulgada e dificilmente as competições passam na televisão. Mas, na Europa, é comum as pessoas se reunirem para assistir às provas na telinha. Por isso, a União Ciclística Internacional (UCI) mudou um pouco as regras do esporte. Até 2012, a modalidade era disputada em circuito maiores, com menor número de voltas. Agora, para facilitar as câmeras, o percursos são de poucos quilômetros, e o atleta passa mais vezes pelo mesmo local

. Um dos atletas da equipe brasileira no Mundial é Sherman Trezza. Em 2011, quando pedalava de madrugada na BR 460, próximo à cidade de Lambari, interior de São Paulo, foi atropelado.
No grupo com Sherman estavam 15 pessoas e uma delas morreu no local. A vítima foi o professor de educação física Armado Guimarães. Com Sherman, nada de mais grave aconteceu, ele foi levado para observação no Hospital São Sebastião, mas logo recebeu alta.
CAMPEÃO BRASILEIRO FORA DO MUNDIAL

Mas, como a definição da equipe brasileira foi feita através do ranking mundial, Mariano, que não conquistou muitos pontos, ficou fora do time que viajou para a Noruega.
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Fonte: http://globoesporte.globo.com/