De: Cyclenside
Trad. Livre e adaptação: George Panara
Encontro de campeões registrado pelos italianos do Cyclenside durante
as festividades dos 80 anos da Campagnolo, comemorados na última
quarta-feira em Vicenza, na Itália. Entre os visitantes ilustres –
chamou a atenção a longa conversa de dois senhores; juntos somam 7
Giros e 10 Tour de France: Eddy Merckx e Miguel Indurain.
Circulando
pelos corredores da fábrica durante a visita guiada, se detiveram para
falar de rodas. Tema oportuno neste momento, com as etapas do início do
Giro disputadas sob chuva e a grande possibilidade de escolha de perfis
que o mercado oferece.
Quando Merckx corria, praticamente não
havia opções, era tudo na base do perfil baixo. Indurain encontrou uma
outra realidade, mas nada que se comparasse ao que vemos hoje no
pelotão, não se trata de uma questão de patrocínio, mas da grande
quantidade de opções de rodas oferecidas pelos muitos fabricantes e a
grande variedade de altura dos aros.
Muitas vezes a escolha de uma
roda fica a cargo do ciclista e em outras fica nas mãos de um “guru”,
um técnico de plantão que os profissionais confiam para escolhas de
equipamentos mais específicos. Escolhas essas nem sempre certeiras.
Em meio a essa conversa a pergunta: “Eddy, se no seu tempo houvessem rodas como essas, o que você faria?”
Merckx abre um sorriso, pensa: “Teria destruído tudo, mesmo com as
rodas normais” ao menos é o que parece pensar, e responde: “São bastante
uteis, mas é preciso escolher bem. Veja que em algumas etapas muitos
ciclistas não estavam de pé? Muitas quedas e certamente erraram na
escolha das rodas em muitos casos”.
E continuou: “São fantásticas
essas rodas modernas de perfil alto, mas não para todas a etapas .
Depois há uma tendência em usar tubulares muito finos. Nas etapas de
chuva nós montávamos tubulares mais largos, enchíamos menos e estávamos
muito atentos também à qualidade dos tubulares. Hoje com a lógica do
patrocínio e dos novos modelos de pneus, saem para correr com pneus
muito frescos sem amadurecimento necessário”.
Merckx continua com
sua aula, não poderia deixar passar em branco essa história: “e então
quando chovia passávamos vinagre sobre a banda de rodagem, servia para
amolecer e deixa-los mais sensíveis à estrada. Hoje não. Não fazem
assim, enchem ao máximo e depois se encontram na situação de que não
conseguem fazer uma curva”.
Palavras de Merckx e nisso é importante
levar em conta seu histórico: era muito atento às novas tecnologias e
por muitas vezes enlouquecendo mecânicos e fabricantes (dizem que há uma
longa história de De Rosa sobre um garfo para uma Roubaix). Uma coisa é
certa, ele dificilmente errava. O que leva a pensar que ele destruiria
tudo na atualidade, a começar por certas “escolhas técnicas”.
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Obs: Essa é a prova que ainda temos muito a aprender com essa lenda viva chamada EDDY MERCKX - THE CANNIBAL
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