--_O tétrico acidente da avenida Paulista, onde o carro arrancou o braço
do ciclista (e o motorista, alcoolizado, fugiu e jogou o membro num
riacho) tem ocupado boa parte do noticiário dos últimos dias. O relato
volta hoje, 22, com a notícia da libertação do jovem, beneficiado por um
habeas-corpus, depois de passar 11 dias na prisão. Divide espaço com a
notícia da jovem de 25 anos que se feriu ao cortar a frente de um
ônibus, com sua bicicleta, na avenida Rebouças. Esses e outros fatos
envolvendo ciclistas – 52 deles morreram em acidentes durante o ano
passado nas ruas de São Paulo – levaram o prefeito Fernando Haddad a
interessar-se pelo problema. Reunido com cicloativistas, ele ouviu
reivindicações e prometeu verbas para construção de ciclovias e
ciclofaixas, além de um plano de comunicação para promover a segurança
de ciclistas.
--_A bicicleta é um antigo e interessante meio de locomoção. Mas,
para poder conviver com os outros entes do trânsito urbano, precisa
estar inserida num contexto onde seu condutor reconheça e obedeça regras
para, com isso, poder exercitar seus direitos e deveres. Não basta
alguém que viajou à Ásia ou Europa e lá viu ciclistas trafegando em meio
aos carros, vir aqui, pintar faixas ou colocar cones nas ruas e dizer
que aquilo é uma ciclovia. É necessário que tanto ciclistas quanto
motoristas sejam conscientizados de que a rua é um espaço público e que
nele terão de conviver, respeitando-se mutuamente. Há que se definir
áreas para o ciclismo de transporte e o esportivo e, também, que
utilizar todos os recursos técnicos e de comunicação para evitar
acidentes. --_Tanto na capital paulista quanto em outras capitais e cidades
brasileiras grandes e médias, é comum encontrarmos pelas ruas o ciclista
inconsciente, que trafega sobre as calçadas, passa no sinal vermelho,
circula na contramão e ainda diz que faz isso porque, no contrafluxo, vê
melhor os veículos pois estes vêm em sua direção. Também é frequente o
motorista chegar a um cruzamento, olhar para o lado de onde vem o
trânsito e, ao avançar, ter a sua frente atravessada por um ciclista
vindo da contramão. É preciso dizer a esses usuários da carinhosa
“magrela” que, num acidente, os mais vulneráveis são eles. --_Não podemos ignorar que, desde a implantação da indústria
automobilística, o sonho de todas as pessoas é ter um carro. Durante as
últimas cinco décadas, as cidades brasileiras foram pensadas
exclusivamente para o veiculo automotor. As bicicletas, que tanto
serviram aos nossos avós, foram alijadas do processo e só utilizadas na
periferia, por gente muito pobre. Exceção àqueles que as têm para o
esporte e o lazer. Agora, para reintroduzí-las como opção de transporte,
é preciso uma ampla e cuidadosa operação. O grande ponto de
interrogação, sem qualquer dúvida, está na educação do ciclista, do
motorista e, até, do pedestre. Sem isso, nada feito... - (Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)) - Fonte: DIARIO DA MANHÃ Link Origem: http://dm.com.br/texto/103050-a-bicicleta-e-a-educaaao-de-transito
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