Foi através das redes sociais que Rui Costa confirmou, nesta última sexta-feira (28/11), o fim de sua enorme carreira como ciclista aos 39 anos.
    O ciclista deixou uma mensagem de agradecimento a todos os fãs do esporte, aproveitando para agradecer a todos que contribuíram para o sucesso de sua trajetória.
«O ciclismo me fez tão feliz. Chegou a hora de me aposentar. De aproveitar a companhia da minha família, de estar presente nos pequenos grandes momentos e de viver com calma o que tantas vezes ficou adiado. Fui abençoado por viver o meu sonho, por vencer, por cair e levantar, e por ter sempre o meu anjinho da guarda comigo em cada curva da estrada», declarou ele.
    Com uma trajetória invejável em termos de conquistas, tanto nacional quanto internacionalmente, Rui Costa fez história por ter sido o único ciclista português a se consagrar campeão mundial de estrada. Foi, assim, o primeiro português a vestir a mítica camisa arco-íris de campeão do mundo.
    Em 2013, numa prova decidida no sprint, Rui Costa foi mais forte que Joaquim Rodríguez, com um final memorável, que ainda é um 'osso entalado' na garganta na rivalidade ibérica. Isso anos depois de Sérgio Paulinho ter conquistado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas.
    Pode-se dizer que a vitória foi um ponto de virada no ciclismo nacional, depois da era dourada de Joaquim Agostinho nos anos 70 e 80. "Mudou a mentalidade dos ciclistas portugueses, demonstrando que o ciclista português pode e deve ter a ambição de vencer", afirmou Delmiro Pereira, antigo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, em declarações à Renascença em 2023.

Características

    Rui Costa se destacou pela capacidade de brilhar em corridas de uma semana ou provas de um dia. Sua versatilidade permitiu que ele atingisse grandes resultados. Eficiente nos contrarrelógios e resistente na montanha, ele se adaptava a vários terrenos. Muitas vezes, tinha a capacidade de atacar muito antes da linha de chegada, desgastando assim os adversários, e surpreender com várias vitórias. Inteligente na forma como gerenciava as corridas, também se destacou nas clássicas, como o Grande Prêmio de Montreal, que venceu em 2011.
    Ele dá adeus aos 39 anos, competindo pela EF Education-EasyPost, tendo como melhor resultado em 2025 um segundo lugar na quarta etapa da Volta a Burgos.
    Venceu de forma consecutiva a Volta à Suíça, em 2012, 2013 e 2014. Acrescentou ao currículo as vitórias no Tour de Abu Dhabi (2017) e na Volta à Comunidade Valenciana (2023).
    Aos 13 anos, teve o primeiro contato com o ciclismo, a serviço da equipe "Guilhabreu" em Vila do Conde. Seguiu-se o Santa Maria da Feira. Em 2007, assinou o primeiro contrato com o Benfica, onde ficou por dois anos, antes de se transferir para a equipe Caisse d'Epargne e, daí, para a Movistar.
    Foi na equipe espanhola que viveu os melhores momentos da carreira. Em 2013, venceu duas etapas no Tour de France (Etapa 16: De Vaison-la-Romaine a Gap, e Etapa 19: De Bourg-d'Oisans a Le Grand-Bornand), repetindo o feito de 2011, onde havia conquistado a vitória na 10ª etapa, entre Saint-Gaudens e Plateau de Beille.
    Em 2013, transferiu-se para a Lampre-Merida, que é hoje a UAE Team Emirates. Representou a equipe onde João Almeida compete atualmente por seis temporadas, tendo ainda feito parte da equipe Intermarché-Circus-Wanty em 2023. Foi nesse ano que teve a última grande vitória na carreira, com o triunfo em uma etapa da Vuelta (Volta à Espanha), conquistada novamente com uma arrancada eletrizante.
    O atleta português é, sem sombra de dúvida, um dos melhores ciclistas portugueses de todos os tempos, tendo ainda acrescentado ao seu currículo três títulos de campeão nacional de estrada (2015, 2020 e 2024) e outros dois de contrarrelógio (2010 e 2013). Participou três vezes dos Jogos Olímpicos – Londres 2012, Rio 2016 e Paris 2024 – tendo como melhor resultado o 10º lugar na prova de estrada na "cidade da garota de Ipanema".
"Hoje fecho um capítulo. Mas a paixão pelas duas rodas… essa nunca acabará", conclui ele em sua mensagem.
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Fonte: https://sportinforma.sapo.pt/modalidades/ciclismo/artigos/rui-costa-despede-se-aos-39-anos-no-adeus-de-um-mestre-ao-ciclismo-a-paixao-nunca-acabara